TRADIÇÕES
- Matança do porco (pouco, mas ainda se faz)
- Promessas aos santos:
a St. António - paga-se com pés de porco, se ele curar as doenças do porco.
a S. Geraldo - paga-se com flores roubadas (cravos ou milho), se ele tirar pequenos cravos nas mãos ou nos pés.
- Bailaricos nas ruas (as raparigas vestidas de 2 maneiras diferentes)
- Escapadelas (grupos de pessoas a escapelar milho)
- Cantar as janeiras (davam aos mais necessitados o que recebiam)
- Brincadeiras pelo Carnaval (mascarados)
- Fogueiras feitas aos santos populares às portas das pessoas (nas noites de St. António, S. João e S. Pedro)
- Jogos (corridas de sacos, de cantara e o jogo do galo)
COSTUMES
Sangalhos pertence a uma região, "Bairrada", com uma notável riqueza etnográfica. É um não mais acabar de costumes e tradições, que tocam a sensibilidade de qualquer pessoa.
Com raízes nos tempos mais remotos, existem costumes típicos que ainda hoje se mantêm.
Referenciamos tradições antiquíssimas, algumas já apagadas das memórias, mas que sabe bem relembrar.
É no Domingo a seguir à Páscoa, ao que chamamos Pascoela.
Em pachorrentos carros de bois, vistosamente engalanados, os Sangalhenses e outros habitantes da Bairrada, novos e velhos, para lá convergiam, noutros tempos.
Formavam garridos cortejos, cheios de interesse pela variedade dos trajes, pelo simbolismo e alegria saudável, que irradiava de tão vistoso espectáculo que o progresso indiferente, completamente condenou, mas não impede que se recorde esse costume que marca uma época de grande beleza e valor etnográfico, nesta inconfundível região.
Actualmente, a romaria continua no mesmo dia e local, com músicas e ranchos, mas, em vez de carros de bois pachorrentos, alguns a dar a volta à histórica capela em cumprimento de promessa, são os automóveis barulhentos, senhores das estradas e caminhos de Portugal, nada contemporizadores para com os romeiros.
Festa do Galo - Foi durante muitos anos, costume típico em Sangalhos, como em muitas freguesias da Bairrada, no Domingo Gordo, nas escolas primárias. O galo era metido numa panela de barro negro e elevado por meio de uma corda, segura por dois rapazes, com apoio numa árvore ou pau apropriado.
Começava por se vendar um dos alunos mais pequenos, que com um pau, a partir de certa distância, tentava acertar na panela, para soltar o galo.
A cena repetia-se, sempre dos alunos mais baixos para os mais altos, até que algum partisse a panela.
O autor desta façanha, era alegremente vitoriado pelos companheiros, após o que todos corriam a ver quem agarrava o pobre galo, que quanto mais perseguido, mais corria, até ser apanhado no meio de forte algazarra.
A ave, depois de apanhada, era cozinhada com arroz e saboreada por todos, depois de um aluno ter lido "O testamento do galo".
Neste dia, os alunos faziam as suas ofertas aos professores.
Normalmente ofertavam produtos caseiros. Os professores, distribuíam figos secos, tremoços, pão, etc. .
Era com incontido prazer, que as crianças atiravam confetis e serpentinas aos professores, carinhosamente, numa intimidade encantadora.
JOGOS TRADICIONAIS
Jogos- Estão a ser activados na aldeia, os seguintes jogos antigos: corrida de burros, jogo do saco, jogo da malha, jogo da panela de barro (era jogo de Carnaval).
Corrida de Burros- colocam-se os burros todos em posição de partida. Ao sinal de partida, (estalido dum foguete ou pistola) os burros iniciam a sua corrida. Uns param, outros correm uns em vez de andarem para a frente embirram para trás, outros têm que ser puxados pelos próprios donos, devido à sua teimosia estática.
Há sempre um prémio a atribuir ao burro vencedor. Este jogo, normalmente decorre nas festas anuais da aldeia.
Jogo do Saco- neste jogo participam pessoas de todas as idades. As pessoas enfiam o saco tradicional de serapilheira quase até às orelhas. Ao sinal de partida, todos começam a saltitar, mais parecendo um grupo de cangurus. No decorrer do jogo, uns tropeçam e caem, outros nem conseguem sair do mesmo lugar, outros acabam por perder o saco a meio a corrida, outros chegam ao final ganhando um prémio. Geralmente, uma caixa de vinhos da região, oferecida pelas Caves aqui existentes.
Lenda da Fogueira
Não sabendo exactamente há quantos anos isto aconteceu!..
No alto de Sangalhos foi avistada uma fogueira num vale. Aí, alguém desceu ao vale e deparou com uma Senhora já de idade sentada a uma fogueira. Foi daí que nasceu o nome da nossa aldeia - Fogueira.
Mas entrevistada uma pessoa da aldeia, mais propriamente o Sr. Ângelo, chegámos à conclusão que a história/lenda terá um sentido mais verdadeiro.
Esta zona era uma grande floresta e era daqui que saía a madeira para fazer os barcos. Nesta floresta os lenhadores faziam sempre uma fogueira para fazer a comida, que servia então de ponto de referência para os lenhadores.
Terá sido assim que nasceu o nome de Fogueira.
Como nós sabemos muito pouco, vamos dar umas dicas:
Tivemos conhecimento que existe um marco do tempo dos Mouros, que se situa na Póvoa do Mato, mais propriamente já na estrada que vai ligar a aldeia da Serena. Achamos que o que deveriam preservar o monumento.
Entretanto adquirimos mais algumas informações: também existe na Póvoa da Palmeira, uma estrada onde passava a Rainha D. Amélia, que parava sempre numa fonte, que é a fonte dos Amores, para se refrescar e bebericar um pouco de água, para depois continuar a sua viagem. Anda relativamente a esta fonte, soubemos que vinham tropas confirmar se ainda existia esta fonte.
Se nós fossemos procurar saber onde se localizam estes pequenos troços de estrada empedrados com pequenos seixos do rio, poderíamos encontrar algo mais importante.
Chegámos à conclusão que esta aldeia nasceu através de povoamentos.
Lenda do Rio Cértima:
Uma terra tão antiga como esta, terá muita "coisas" para contar. Uma delas é a lenda que denominou o rio que passa nesta localidade, perto da estrada N1 (lC2), outrora estrada real, e também conhecida por “caminhos de Compostela".
Um dia estava a corte de EI-rei D. Dinis instalada nos Paços de Coimbra, decidiu a Rainha D. Isabel - ir receber as honras dos altares pela santidade da ""sua vida- peregrinar até Santiago de Compostela.
Saiu a Rainha de Coimbra, acompanhada de algumas pessoas da Cortes. Teria percorrido cinco, seis, léguas de viagem, estaria portanto perto de Anadia, era já o cair da tarde.
Já cansada da viagem ansiosa por alcançar Avelãs de Caminho, localidade onde os habitantes, eram obrigados a aposentar a realeza (condição esta, confirmada no foral Manuelino, de 1514), a sede apertava, e a Rainha ordenou à sua comitiva que parassem pois desejava refrescar-se com a água do rio que corria ao lado.
Foi então alertada da demora que a paragem implicaria e que a água “Seria de certo má”. A rainha admirou-se por ver águas não cristalinas, mas não bebeu a água do Rio, mas o Rio ganhou a designação, por que ainda hoje é chamado Rio Cértima.